Uma Jornada de Natal: Falta de Inovação – O Portão

Olá a todos, eu sou a Tany Isuzu. Sentiram falta das postagens de dicas? Pois bem, este mês traremos um especial e tanto para vocês! Como estamos nos aproximando de um feriado especial para muitos, nada melhor do que ajudá-los com principais problemas que negam um tão sonhado presente de fim de ano: a aprovação.

Assim sendo, nos acompanhem nessa jornada, com postagens diferentes do habitual, em que trataremos dos principais problemas que impedem uma novel de receber o tão desejado meme com uma garotinha feliz gritando "APROVADO!" Sem mais delongas, fiquem com a postagem...

Quando dá por si, ele desperta na frente de um guichê. Ao seu redor está tudo escuro. Ele, então, encara o uniforme sem rosto perante si. Ele entende que precisa entregar algo. Revira seus bolsos e se depara com um pedaço de papel amarrotado, seria aquilo?

Ele estende o papel amassado para o uniforme. Mesmo sem expressão, ele sente que o ser a sua frente assente e permite sua passagem pela roleta. Prestes a seguir com sua viagem, no entanto, escuta uma voz velha dizer:

— Boa sorte em sua viagem, atente-se ao portão.

Ao se virar, ele não encontra mais o uniforme ou o guichê atrás de si. Estranhando tudo aquilo, ele apenas olha em frente. Há um grande portão o aguardando. Atrás do portão há um trem. Poderá ele entrar?

Sem nada mais para lhe direcionar, ele pensa em sua situação. Era um Ferona prestes a enfrentar a avaliação de sua novel.

Perante o portão, Ferona não sabe o que fazer. Ele tenta abrir, mas as grandes barras de ferro não se mexem, ele tenta balançá-las, o som agudo de metal sendo chacolhado, ele chuta o portão, mas não tem reação. Tentou tudo o que já foi tentado anteriormente, da mesma forma e sem resultados. Nada muda. Nada acontece.

E é exatamente esse o problema de Ferona.

O que mais desejamos de um enredo das novels que recebemos? Algo original? Não exatamente. Queremos algo que não seja o mesmo de sempre. Queremos a inovação.


Primeiramente, o que é a inovação? Trata-se de coisa nova, algo diferente, algo não visto antes. Já falamos bastante sobre originalidade antes, confira as postagens se ainda não o tiver feito. Mas por que queremos algo novo?

Porque é chato ler a mesma coisa inúmeras vezes.

Não adianta tentar abrir o portão a força, tentar balançá-lo, chutá-lo na esperança de que se mexa, se continuar pensando que vai entrar com uma novel clichê, você está redondamente enganado.


Sem saber mais o que tentar, Ferona olha ao seu redor. De repente, ele nota um capacho abaixo de seus pés e decide observá-lo com mais calma. Ele ergue o capacho, na esperança de encontrar uma chave, mas se depara com... um utensílio de churrasco.

Abismado, Ferona realmente não sabe o que fazer com aquilo. Em um surto, ele decide tentar abrir a porta com o objeto. Para a surpresa de todos, o portão se move um pouco, mas será aquilo o bastante?

Às vezes a ideia mais aleatória pode ser o que o primeiro passo a diferenciar a sua novel das demais. Queremos que você nos traga uma história a qual não possamos prever o final. Uma história que nos deixe interessados em saber o que vai acontecer. E não é começando sua novel com o protagonista sendo atropelado e reencarnando com algum poder exagerado, ou prendendo-o em um jogo de realidade virtual (que ele precisa terminar para sair), ou que ele é o escolhido para acabar com a desgraça de um reino, ele é filho de algum guerreiro/mercenário/mago/alguém poderoso, enfim, não é começando sua novel dessa forma que as coisas vão dar certo.

Procure alguma coisa que faça sua novel se destacar no meio de muitos enredos batidos! E a melhor forma para isso é, obviamente, evitando os clichês.

Evite aquilo que torna sua história conhecida ou batida. Você pode pegar uma ideia comum e mudá-la de forma que se torne algo original, afinal, quem pensaria em abrir o portão com utensílios de churrasco?

Não tenha medo de tentar algo desconhecido. Não tenha medo do aleatório. Tente não misturar as ideias a ponto de ficarem uma bagunça, obviamente, mas a sua ideia pode parecer uma loucura inicial, porém, se ela conseguir nos comprar, conseguir nos convencer a continuar lendo, ela foi um sucesso.

As ideias mais loucas podem levar a caminhos interessantes. Não tenha medo de experimentar. Às vezes é aquela pequena reflexão que você teve que pode ser toda a base original da sua história.

Ele sente que está quase lá, mas ainda assim, falta um clique final para abrir o portão. Os movimentos que levaram até ali não parecem mais surtir efeito. O que ele deve fazer a seguir? Desistir do utensílio de churrasco? Tentar chutar o portão novamente? Chorar as pitangas? Nada disso.

Está na hora de trabalhar essa ideia original de forma que ela fique aceitável. Pois não é somente uma centelha de originalidade que carregará a sua novel por todo o percurso. Muitas coisas podem tirar o sabor especial que aquela ideia nova deu à sua história.

O que é pior do que uma história cheia de clichês? Os diálogos batidos.

Diálogos que não aparentam serem pessoas conversando, previsíveis, que não fazem a trama andar. Um diálogo mal feito pode destruir toda uma novel com boa premissa. Atentem-se a isso. Bons diálogos são os que nos fazem sentir a entonação e voz das personagens.

Mas o que fazer para que seus personagens não caíam na mesmice? Torne-os humanos. Torne-os criaturas diferentes de você. Imagine-se conversando com eles. Imagine as vozes, imagine como eles falam, se tem alguma característica marcante neles.

Não queremos o mesmo diálogo "Eu vou me tornar o rei dos _____!" "O maior ______ que já existiu!". Ou "Eu sou mais forte que você!" "Não, a minha força é a de...!" Diálogos medindo força são furada, não caiam nessa, feronas.

Também não apelem para os diálogos expositivos que vão explicar toda a história porque sim. Torne suas conversas interativas, o vilão está mesmo conversando há mais de meia hora com a arma apontada para o mocinho e a heroína atrás dele não fez nada? Os dois personagens pararam a luta para falar de seus passados sem mais nem menos? Por que seus personagens secundários decidiram dar uma aula para o protagonista do funcionamento do mundo? 

Pense no contexto dos seus diálogos.



Ferona tinha o que era preciso, ele sabia disso. Mas a forma como estava utilizando o seu novo e inesperadamente útil item não era a certa. Ele parou e sentou. O que estava fazendo de errado, pondera ele. A resposta nem sempre estará na nossa frene.

O Portão não vai se mover se você tentar fazer o que todos fazem. O Portão não vai reagir se você fizer igual ao que todos fizeram. O Porão não vai se mover se você usar suas ferramentas da mesma forma.

O Portão quer saber qual é a sua forma de abri-lo. E ele quer uma forma somente sua.

Ferona suspira, pensou muito e decidiu tentar o oposto ao que estava fazendo até aquela hora. Em vez de tentar arrombar o portão. Ele decidiu inserir seu utensílio de churrasco como uma chave. Enfiou-o no espaço da fechadura, decidido a testar o resultado.

Funcionou.

Ele ouviu um clique.

Há momentos em que a solução é mais simples do que parece. Há momentos em que você precisará pensar muito para chegar nela. O que queremos de vocês não é uma história fantástica, mas algo que nos envolva. Não são os clichês que vão salvar a sua história. E não é utilizando diálogos batidos, descrições que já passaram muito da validade, ou artimanhas que todos nós já conhecemos que o Portão irá se abrir.

Nós queremos saber o que você tem de diferente. O que tem de especial para que aprovemos sua novel.

E com isso, termino a primeira de uma série de postagens especiais, retratando temas, tratando dos principais empecilhos para a aprovação. Acompanhem semana que vem a continuação da Jornada de Ferona com as postagens do Vong.

O Portão se abriu e Ferona passou por ele. Do outro lado, um trem o aguardava, sua Jornada estava apenas começando...


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1 comentário

  1. Postagem incrível, vou tentar usar isso para melhorar minha escrita. Valeu!

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