Escolher
o ambiente da sua história pode ser o fator decidido para que ela se torne algo
especial ou mais uma na pilha das reprovadas. Afinal, todos queremos saber onde se passa a sua história.
Mas,
afinal, o que é melhor? Usar cidades fictícias, criar mundos completos com toda
uma gama de possibilidades, ou trabalhar com locais já existentes?
Prepare-se
para outra postagem sobre localizações e como usá-las devidamente na sua
história! Prepare seu bloco de notas e clique no leia mais!
Pois
bem, você tem uma ideia, sabe o como dela, como desenvolvê-la, como
progredi-la, como torná-la aceitável, mas está em dúvida quanto ao onde.
Onde ela deve se situar?
Afinal,
a sua história pode acontecer tanto no quintal de casa quanto em Narnia, certo?
Não, claro que não.
Vamos
para algumas perguntas básicas para diminuir a dor de cabeça de todos os
envolvidos na hora de ler a sua história.
Ela
precisa de uma localização específica?
A
sua história depende de algum fator cultural, ou algum fator cultural dos
personagens vai ser relevante para a trama? Considere essas coisas primeiro. Às
vezes ela pode realmente se passar tanto na China antiga quanto na padaria da
sua casa, mas você decidiu que seu protagonista é um estudante de faculdade,
então, um belo dia, uma estudante nova vinda da Polônia vai mudar a vida dele.
Opa! Já temos algo para nos atentar.
Se a
faculdade é um ponto importante para a trama, você precisa se localizar. Que
tipo de faculdade é? Grande? Uma federal? Uma faculdade paga? Um campus menor?
Você vai se basear na sua faculdade? Ou a faculdade de algum amigo seu?
O
que nos leva ao segundo pronto principal.
Trabalhe com o que você conhece.
Não
tente inventar moda. Não tente inventar coisas e costumes em cidades que você
não conhece. Se a sua história pode se passar em um lugar que você conhece,
aproveite-se disso. Se baseie naquilo que você pode falar com vantagem e não no
que você apenas tem uma noção.
Se
você quer usar uma localização que não vai parecer descaracterizada, use o que
você conhece. Sua história precisa mesmo se passar no Japão ou nos Estados
Unidos? Você conhece os costumes ou o cotidiano das pessoas nesses lugares?
Você tem contato com pessoas que moram lá?
Tem
algum fator nesses locais famosos que é realmente necessário para a sua
história?
Se a
resposta for não, então trabalhe com algo que você conhece ou uma localidade
parecida com a sua. Eu acho muito mais interessante ver uma história que se
passa Santa Rita do Rio Pardo, na qual o protagonista se descobre herdeiro de
um mago e precisa enfrentar mais seis magos em um conflito em busca da peixeira
sagrada do que uma história quase idêntica, mas em uma Tóquio clichê, com
personagens indo comer coxinha no barzinho da esquina.
A verossimilhança é muito importante. Trabalhar com o que você conhece permite que a sua história conquiste o leitor mais próximo da sua situação do que aquele que vai ver esses personagens seguindo horários e costumes brasileiros em Nova Iorque.
Mas, Tany, eu preciso usar um local como o Japão, os Estados Unidos, e até um mundo fictítico, mas nunca fui para um isekai, o que eu faço, çocorro!
Nada impede que você use locais em que nunca esteve. A internet nos permite sonhar com locais os quais nunca iremos colocar os pés neste mundo. No entanto, se for fazer isso, se prepare para pesquisar. E pesquisar bastante.Não
tente adivinhar como é o Japão só pelos animês e mangás para usar na sua
história. Não ache que as séries americanas vão retratar a vida cotidiana certa
de pessoas no resto do mundo. Faça uma pesquisa real, ou alguém vai puxar seu
pé durante a noite por uma caracterização ruim de um lugar existente.
Usar uma localização que o leitor não está acostumado também é um fator diferente para a sua novel, as light novels não precisam se passar no Japão, Borboleta na Tormenta se passa na Alemanha e o autor faz um bom trabalho em retratar todos os pontos turísticos que usa.
E
você precisa mesmo usar cidades que existam? Não. Você pode criar uma cidade
nova, mas esteja ciente de que a localização dela importa. Os costumes
italianos são diferentes dos japoneses que são diferentes dos brasileiros.
Procure pesquisar bem, e, novamente, tente trabalhar com aquilo que você
entende.
Nosso
mundo é muito chato para você? Quer criar um mundo novo? Muito bem, mas esteja
avisado que todo mundo fictício tem um
toque do nosso mundo no meio, então você não pode só fugir para grandes
mundos mágicos que seu trabalho vai diminuir.
Todo
mundo possui regras que devem ser seguidas. Você pode baseá-las no nosso,
só não esqueça da pesquisa. Você pode criar regras totalmente novas, mas elas
precisam ser coerentes, obviamente.
E,
na hora de criar um mundo novo, tente torná-lo interessante e não mais um mundo
genérico de isekai ou um mundo mágico tirado de algum best-seller
infanto-juvenil. Tente tornar o seu mundo algo legal para que o leitor deseje
viver nele ou não.
Ficamos por aqui por hoje, feronas, lembrem-se de nos seguir nas redes sociais e comentar! Seu feedback é muito importante para nós! Tire suas dúvidas nos comentários!
Foi bem explicativo. Eu estava meio confuso, pois agora que planejo começar a escrever minha primeira ligth novel, então esse post foi bem útil.
ResponderExcluirIsekai meu, Isekai meu! existe personagem mais adorável do que a Rem?
ResponderExcluirOlha só outro post maravilhoso, rsrs.
É possível colocar diversos elementos de lugares diferentes ou de tempos diferentes num local só? Mesmo que ela não tenha o mesmo tamanho que um continente?
Por exemplo: uma pseudo cultura favelada, vivendo sob a elite da elite real? E dentro disso existe escravidão, etnias diferentes e etc.
Acabei de pensar nesse exemplo. Então não sei se foi muito esclarecedor, perdão.
Olá, Unknown. Sua dúvida é bastante pertinente.
ExcluirBom, primeiro podemos pensar que toda a estrutura social é constituída por elementos diversos. Nossa sociedade é formada por indivíduos que formam grupos, que formam instituições, que formam organizações. Entendendo que seu exemplo respeita as regras do seu mundo, é possível trabalhar com uma família periférica dentro de uma sociedade estratificada escravocrata. Porém, agora vem o pulo do gato.
É preciso muito cuidado para não transformar o seu cenário em uma salada de elementos. Cada uma dessas coisas tem consequências grandes para o mundo em questão. Trabalhar com elites pressupõe dominação, que pressupõe poder e a manutenção disso por estruturas sociais; o mesmo acontecendo com a escravidão e com a cultura de favela. Percebe como tudo isso parece bem mais complexo quando você olha de uma perspectiva narrativa? Talvez seja até complexo demais, se tornando algo enfadonho.
Você pode colocar elementos culturalmente diferentes na narrativa - mas isso não significa que isso vai ficar bom, que fará sentido, ou que será o melhor para a sua história. Minha dica é trabalhar com o que a história pedir. Se ela não precisa de tudo isso, vai por mim, é melhor não fazer.