Olá,
ferinhas e feronas, hoje vamos falar de um artifício muito usado por todos os
tipos de obras para contar algo que aconteceu antes do tempo presente da
narrativa.
Seu
personagem tem um trauma, ele tem uma história triste, ele olha para aquele
banquinho no parque e já podemos ouvir sadness
and sorrow tocando ao fundo. Está na hora. Hora de um flashback.
Prepare os passados traumáticos, os dias de luto ainda sem glória, e vamos aprender como fazer um flashback direito!
Flashback,
também conhecido por analepse para os mais barrocos, é uma interrupção na sequência da narrativa, seja de um filme ou
livro, que volta no tempo para apresentar um relato de eventos passados.
É lembrança
do personagem que toma conta da cena, podendo surgir de uma conversa ou até
divagações, podendo ocorrer para demonstrar características dele, de seu
passado e personalidade. Também pode ser usado como forma de resolver algum
aspecto da narrativa.
Alguns
livros são contados todos por meio de flashback, como Memórias Póstumas de Brás
Cubas, em que o livro se inicia com o autor morto e enterrado, começando um
grande flashback sobre sua vida. Há outros casos, como A Nova Onda do
Imperador, em que o flashback se inicia para explicar alguma situação inicial, “está vendo essa lhama aí? Sou eu, mas como
acabei assim? Senta que lá vem história”.
Vamos a provavelmente o maior exemplo de flashback que vocês conhecem...
O
orfanato de Bungou Stray Dogs.
Aposto
que alguém aqui achou que eu falaria de Naruto na postagem.
Atsushi
Nakajima é um personagem que carrega um trauma passado, inicialmente, esse
trauma não fica claro, especialmente pela forma humilde com a qual ele leva a
vida, porém, em poucos episódios o leitor vai se deparar com os fortes
flashbacks de orfanato de Atsushi. Ele teve uma infância sofrida, em um
orfanato em que era torturado e culpado por algo além de seu controle. Se quiser
descobrir o motivo, assista Bungou Stray Dogs! Disponível na Crunchyroll
brasileira, patrocina a gente, CR.
Ao usar um flashback na escrita, ele deve explicar algo útil, seja uma característica, seja um ponto importante do passado da personagem. Os flashbacks surgem na narrativa como uma resposta a um estímulo. Quando Atsushi se sente impotente, ele lembra das palavras do diretor do orfanato “A culpa é sua!” e isso o atormenta até no presente.
Mas
que estímulos devem ser esses? Tudo isso depende da sua originalidade, caro
autor. Um flashback pode começar porque o personagem viu, ouviu, cheirou e até
sentiu algo que ativou aquela lembrança. Um adulto cansado estava indo para
casa e encontra uma criança perdida, ele para tudo que estava fazendo para
ajudar a criança, a imagem de um garotinho pequeno e chorando ao ser abandonado
pelos pais se reflete na imagem da criança perdida, o adulto se vê na criança
que está ajudando e lembra de um tempo semelhante em sua própria vida.
Flashbacks
costumam ser grandes cenas e separadas da sequência natural, deixe claro ao
leitor que você está trabalhando e o que aquele flashback deve apresentar sobre
o personagem. O flashback deve ser relevante ao que aconteceu no tempo
presente. Se seu personagem está sofrendo por causa de uma prova, não comece um
flashback sobre os saudosos tempos em que ele conseguia correr a maratona.
O flashback precisa ter uma ligação coerente com o que está se passando.
E,
obviamente, como tudo no mundo a escrita, não se deve abusar deles. Não use os flashbacks em exagero,
eles precisam de uma construção para que funcionem direito, você não pode
escrever “e então ele olhou para o
balanço e lembrou de seus tempos solitários na infância” e então começar um
flashback, sendo que a conversa anterior era sobre o que os personagens tinham
comido no café da manhã. É necessário
uma construção para que o clima da cena permita a inserção de um flashback.
Por
fim, não use o flashback como forma barata de expor o passado do seu
personagem. Sério, não faça isso. Nem Naruto faz isso. Também não abuse e
retome o mesmo flashback de novo e de novo, como se seu personagem fosse
formado apenas pelo flashback.
O flashback
é uma ferramenta, ele não vai carregar a trama do seu personagem sozinho.
Ficamos
por aqui por hoje, feronas! Dúvidas, questionamentos, elogios, críticas,
comentem! Querem que falemos de algum tema aqui no blog? Comentem! Querem nos
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Nos vemos na próxima!