Olá, pessoal, como vocês estão? Dessa vez quem está trazendo mais um Revisando! sou eu, Joaquim, o revisor em treinamento que se afundou em gachas e café mais do que deveria.
O assunto da vez é algo um
tanto esquecido por vocês, feronas, falaremos dos nem tão famosos assim, mas
muito importantes, verbos dicendi. Como a quantidade de erros relacionados está
cada vez maior e a última postagem sobre eles já tem uns bons anos, nada melhor
do que uma revisão pra refrescar a memória, portanto pegue seu caderno de
anotações, o lápis ou a caneta, e vamos começar!
Caso queira conferir nosso
último Revisando! sobre vírgulas, clique
aqui.
O que raios é um verbo dicendi?
Originários do latim, tendo o
significado de “dizer”, são verbos de elocução, que utilizamos no discurso
direto ou indireto, para nos referirmos como e quem está se expressando em fala
ou em pensamento. Grosso modo, são palavras que expressam atos orais,
como dizer, falar, retrucar, acrescentar, responder, concordar, exclamar,
perguntar, contestar, pedir, ordenar, finalizar, entre vários outros.
Como já dito anteriormente
pelo nosso caro Vong, no “caçadores
de reprovações #5.2”, eles apresentam três funções principais:
1.
Estruturar;
2.
Expressar;
3.
Caracterizar.
Ou seja, eles auxiliam
na estruturação do texto para que haja um bom fluxo de leitura e a
coesão se mantenha; ajudam na expressão de ideias por meios não
somente falados e, por fim, fazem o papel de reforçar o grupo no
qual aquele personagem está inserido.
Tendo isso em mente,
percebemos que os dicendi são um órgão importante de bons diálogos.
Mas como e quando devo usar um dicendi?
Usados diretamente na
construção dos seus diálogos, os dicendi não devem sofrer de faltas, muito
menos de exageros.
No exemplo acima, tirado de um capítulo de “Estrela Morta”, podemos
entender como os dicendi devem funcionar.
Nessa sequência de diálogos, os dicendi ajudam não
somente a diferenciar quem está falando o quê, também servem para dar particularidade aos personagens,
mostrar ao leitor o modo como se mexem, como falam e como se comportam diante
de uma situação, assim eles passam a ser personagens mais complexos, com
mais camadas de profundidade, e mais interessantes de serem lidos.
Acima temos o mesmo trecho,
porém sem dicendi algum. Perceba a diferença quando você lê as duas versões e
as compara. Agora imagine a segunda versão do diálogo por quase ou até mais de
20 páginas... pois é, esquecer totalmente dos dicendi torna seus diálogos
vazios e cansativos, e os personagens ficam sem voz própria, já que uma das
funções desses verbos é ligar uma ideia a outra e manter a harmonia de todo o
conjunto.
Então usá-los toda hora é algo bom?
Nada na vida é bom em exageros, com verbos dicendi também não é
diferente. Dosar os diálogos de uma novel é algo essencial para manter um bom
fluxo narrativo, e encher o capítulo de diálogos usando os dicendi como uma
muleta para eles, mais afetará negativamente a leitura do que terá algum
retorno positivo.
Esse pequeno exemplo que a
Tany usou em “Diálogos:
o que dizer, como dizer e a necessidade de dizer”,
mostra bem o que exageros fazem. Concordam que quase todos os dicendis aqui
podem ser retirados? Quando você
fica dependente demais dos verbos de elocução, e passa a repetir
“disse fulano”, “disse sicrano”, “respondeu beltrano”, todo o propósito de
aprofundar os diálogos é perdido e eles ficam muito rasos e “sem vida”.
Se é possível identificar
quem disse o quê, não precisa indicar novamente, já que o diálogo estará
“falando sozinho”. Escolha sempre o momento mais oportuno para fazer isso,
dessa forma garantirá sempre um ritmo agradável de leitura, com diálogos bem
construídos.
Excelente postagem! Estou doido para usar o que aprendi na prática.
ResponderExcluirAdorei ver isso de forma bem explicada. Realmente faz toda a diferença ao escrever.
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