Se você é um dos feronas dedicados, com certeza já leu diversas postagens do My Light Novel sobre como escrever bons diálogos, belíssimas descrições e enredos avassaladores. Mas talvez não seja isso que você esteja procurando. Talvez você tenha acabado de decidir escrever uma light novel e esteja procurando um guia rápido de como começar a escrever. Ou talvez você precise dar um passo para trás, para depois avançar cinco para frente.
Escrever uma história é tipo construir uma casa. De nada adianta conhecer a estrutura e possuir todas as técnicas e ferramentas se você não tem uma estrutura sólida sobre a qual pode desenvolver algo verdadeiramente consistente. Então, para solidificar as estruturas de sua bela-futura-narrativa, vamos dar uma olhada nos elementos principais que qualquer história precisa ter.
1. TEMA
O enredo diz respeito ao que acontece, enquanto o tema diz respeito à razão de acontecer. Antes de desenvolver acontecimentos-chave de sua história, pense nas razões que estão levando você a escrever sobre esses assuntos. Por que falar disso e não daquilo? Por que esses eventos e não outros? Por que esse tema e não outro? Por isso, antes de começar a pensar demais sobre o que acontece, pense também:
Qual é a mensagem que você está tentando passar?
O que o leitor aprenderá com sua história?
Nós temos uma postagem especificamente sobre isso, então dê uma conferida lá para tirar todas as suas dúvidas sobre temas: Nenhuma novel sobrevive sem um tema: Criando temas e mensagens.
2. PERSONAGENS
Parece óbvio, não? Toda história precisa de personagens. Mas eu estou falando sobre personagens críveis. Personagens que têm ações e pensamentos verdadeiramente humanos, com falhas e acertos. Resista à tentação de criar o protagonista perfeito: o ser iluminado que salvará todo o planeta da morte iminente com sua sabedoria, força e constituição ancestrais. De verdade, seres perfeitos são chatos demais.
Além disso, você também precisa de um vilão. Não se esqueça que vilões não necessariamente se veem como maus. Uma pessoa má que navega por um área cinza da moralidade parece mais realista e memorável do que alguém que é apenas mau porque sim.
Em terceiro lugar, dependendo do tamanho da história, é importante que também haja personagens secundários importantes. Aqui, a estratégia é simples: crie personagens secundários que favoreçam fragilidades e potencialidades do seu protagonista.
Independente da função que os personagens possam exercer, sempre mantenha em mente:
O que esse personagem quer?
O que o impede de conseguir o que deseja?
O que ele fará sobre isso?
3. AMBIENTAÇÃO
A ambientação descreve o conjunto de características que delimita sua história: a localidade, a era histórica, até mesmo as características ambientais, como sons e cheiros característicos. Por meio de pesquisa e criação de mundo, você pode construir cenários incríveis. Mas se lembre que o foco não é o contexto: é a narrativa. Alguns autores iniciantes caem na armadilha de desenvolver um mundo enorme e cheio de acontecimentos, então tenha calma. Em vez de escancarar o contexto, mostre-o aos leitores. Eles ficarão surpresos quando perceberem que o sobrenome daquele antigo cavaleiro é, estranhamente, o mesmo sobrenome do general inimigo...
4. NARRADOR
Alguém precisa contar a história, afinal de contas. Para começar a pensar sobre o narrador, é importante que você leve três coisas em consideração:
Sua voz de escritor (o que você gosta de ler e escrever; sua maneira única de contar uma história);A pessoa do discurso - Primeira pessoa (eu), segunda pessoa (você), terceira pessoa (ele/ela);
A participação e conhecimento do narrador sobre a narrativa - Narradores podem ser do tipo Participante, Observador ou Onisciente.
Lembre-se que seu leitor presencia os acontecimentos da história pelo ponto de vista do narrador. Em narrativas em primeira pessoa, é possível explorar elementos mais intimistas, aprofundando-se na maneira pela qual o personagem experiencia o mundo e seus eventos. Por outro lado, a terceira pessoa oferece um panorama geral que não se limita a um único personagem.
Existem narrativas que trabalham com pontos de vista diferentes. Nesse caso, é recomendável que mantenha pelo menos um narrador por capítulo ou, no máximo, por cena. Trocar de narrador no meio da cena produz muita confusão e geralmente não tem justificativa plausível. Escolher um narrador pode ser difícil, mas pense nele como o motorista da sua história: se ele for ruim, a experiência com certeza não será das melhores, independente do quão bonito o carro seja.
5. ENREDO
O enredo é a sequência de eventos que constitui uma história: é aquilo que você responde quando te perguntam "E o que acontece na sua história?". É aquilo que mantém o leitor interessado na próxima página. Você pode pensar no enredo como o fio condutor de toda a história. De modo geral, a estrutura narrativa que desenrola o enredo é composta por:
Uma abertura que estabelece o objetivo da história;Um evento que muda tudo;
Uma série de eventos que criam tensão;
Clímax;
Resolução.
6. CONFLITO
Não existe história sem conflito. Um pescador pegando peixes o dia todo e depois indo dormir não produz narrativa. Um pescador que está com dificuldades na pesca; que pescou uma cabeça ou que precisa pescar para sobreviver, por outro lado, já são ideias mais interessantes simplesmente porque têm conflitos. Logo, existe uma história para ser contada.
Lembre-se que o conflito é o motor da narrativa. Se tudo estiver indo bem e todo mundo estiver concordando com tudo, não existe motivo para o leitor continuar engajado na leitura.
7. RESOLUÇÃO
Porque se o problema foi colocado, ele precisa ser resolvido. A maneira pela qual você espera que a história termine é um elemento fundamental na construção de cenas marcantes e capítulos importantes. Sabe aquela novel que tem um capítulo estranho, que parece não levar a lugar algum? Talvez seja porque o autor não pensou muito bem em como aqueles eventos se posicionam em relação ao final da história. Até porque o final da história não é necessariamente estático.
A cada ação, mudança e desenvolvimento que você e seus personagens passam, o enredo também muda. Os arcos de personagem mudam. Logo, a resolução da história pode muito bem mudar também. Entretanto, sempre mantenha consciência de sua própria história. Leia tudo o que você escreveu até o momento, pondere as consequências, as escolhas e conflitos. Se estiver perto do fim e ainda faltarem coisas a serem ditas, não se apresse. Tome seu tempo. Recompense seus leitores com uma resolução que faça todos os desafios terem valido a pena.