Olá, ferinha e ferona estamos aqui com mais uma postagem de dicas. Dessa vez é uma classificação mais pessoal, então acredito que vocês não vão encontrar com esses mesmos termos caso procurem por aí fora. No entanto, ainda é algo que vemos que muitos escritores pecam para dominar.
Vamos falar
de pensamentos na sua novel. A meu ver, existem três formas de expressar os
pensamentos em uma narrativa leve: por
meio de pensamentos diretos, indiretos e narrativos.
Mas o que
seria essa classificação? Continue lendo a postagem para descobrir.
Pensamentos diretos
Esses seriam
todos os pensamentos destacados da sua narração. Pensamentos que seu
personagem fez na hora naquela cena. Geralmente vem marcados por itálico ou por
aspas e com indicativos de “pensou fulano”.
Exemplo:
Hoje de novo não, pensou Ricardo ao ver a silhueta de Regina se aproximando, nunca devia ter concordado em ser parceiro dela. Não fosse aquele caso que acabara com sua credibilidade no departamento, poderia estar promovido a essa altura.
Lembrando
que você usará esse tipo de pensamento sempre que quiser indicar algo que o personagem está pensando na hora da cena.
O fator de imediato é bem forte aqui. O personagem pode pensar em coisas que
aconteceram no passado, mas o contexto
precisa fazer sentido com o que está acontecendo na cena.
Ou seja,
nada de colocar seu personagem pensando na morte da bezerra ou coisas totalmente
sem relação com a cena. Eu sei que nossas mentes podem vagar para milhares de
assuntos, mas as mentes dos seus personagens, em narração, não podem. É uma das
diferenças entre pessoas e personagens.
Os
pensamentos diretos estão presentes em todos os tipos de narrativas, eles
sempre vão ficar separados da narração normal e seu leitor deve entender que é
algo que o personagem está pensado na hora.
Deixado
claro esse primeiro, vamos para o próximo tipo de pensamento.
Pensamentos indiretos
São os
pensamentos transcritos na narração. Também são coisa que o personagem está
pensando na hora, mas não são destacados como os diretos. Fazem parte da
narração como um todo.
Exemplo:
Regina sabia que Ricardo não suportava sua presença. Entrou no caro dele em silêncio, e de lá saíram em silêncio. O caminho todo, pensou em como iniciar a conversa. Já passou tempo demais para um boa tarde, quem sabe perguntar como ele estava? Descartou a ideia logo. A cara de poucos amigos do parceiro a intimidava em tentar começar essas interações e conhecê-lo melhor.
Pensou em como queria que aquele caso fosse um sucesso, para poder se provar para os superiores, para Roberto, para si mesma. Muita coisa em jogo, pouco tempo para ação.
Destaquei os indicadores de
pensamento para os feronas que tiverem mais dificuldade em encontrá-los.
É sempre bom indicar que é um
pensamento indireto e do personagem para seu leitor não se perder. Não precisa
colocar “pensou” toda vez, outras descrições, como a primeira desse exemplo, já
deixam claro que é algo que a personagem pensou na hora.
A maior diferença para os
pensamentos indiretos e diretos é que, enquanto estamos dentro da mente do
personagem, lendo exatamente o que ele pensou, nos indiretos, nós temos uma
versão disso, mas pelos olhos da narração. Sabemos no que ela estava pensando,
mas não palavra por palavra do que
ela estava pensando.
E da mesma
forma que os pensamentos diretos, os indiretos precisam fazer sentido com a
cena. Nada de colocar seus personagens pensando em coisas irrelevantes ao
momento da cena.
Os
pensamentos indiretos são mais comuns em narrações em terceira pessoa.
Explicado esse, vamos para o último dessa postagem.
Pensamentos narrativos.
Diferente
dos dois anteriores, que são mais ligados ao que está se passando na cena no
momento, os pensamentos narrativos não precisam ficar tão amarrados ao que está
se passando, embora ainda precisem ser coerentes para a cena.
Nada mais
chato do que o narrador falado de algo nada a ver com o que está acontecendo,
não é mesmo?
Esse tipo de
pensamento está mais presente em histórias em que o narrador é um personagem
que comenta os acontecimentos, dando sua opinião volta e meia sobre a história.
É um método mais ligado ao próprio ato de contar a história do que aos
pensamentos em si.
Exemplo 1:
Ouvi um carro se aproximando, mas já sabia que eram aqueles dois. O detetive metido e a parceira que não conseguia esconder o quão novata era. Nunca fui com a cara dos dois, desde que vieram aqui ontem e começaram as perguntas. Eu queria ajuda, não dois incompetentes! Ou era o que deveria ter gritado para eles ontem.
Exemplo 2:
Aquela dupla daria trabalho, muito trabalho. Parecia que nunca se dariam bem, mas quem poderia dizer? Suas falhas se completavam, por mais que se atrapalhassem. No fim, podia-se dizer que ainda iriam longe. Podia-se não, eles irão longe.
Como podemos ver pelos exemplos, esse estilo de pensamento não tem uma demarcação muito clara, e também pode ser usado tanto em narrativas em primeira quanto em terceira pessoa. É um estilo de pensamento para quando seu narrador quer expressar algo, em vez dos personagens.
E, como podem ver pelo exemplo 2, não precisa ser sempre um narrador personagem para expressar isso. Narradores que não participam da história podem se utilizar desse estilo também.
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Tem como usar pensamentos indiretos em narrações em primeira pessoa?
ResponderExcluirSim. O pensamento indireto é uma forma de passar o que o personagem sentiu ou pensou no momento, mas sem colocar as palavras exatas dele, você pode fazer isso com a primeira pessoa tranquilamente. Vou passar um trecho do exemplo de pensamento indireto para a primeira pessoa para exemplificar:
ResponderExcluir"Fiquei pensando em como queria que o caso fosse um sucesso, iria me provar aos superiores, ao Roberto, e até a mim mesma. Há muita coisa em jogo e pouco tempo para agirmos."
Repare que, embora diga que ela ficou pensando, não mostra exatamente o que ela pensou em todos os detalhes. Isso é importante para sua narrativa em primeira pessoa não ficar muito como uma transcrição dos pensamentos do protagonista.