Uma ferramenta muito interessante para ser explorada e criar personagens memoráveis é o uso dos arquétipos de personagens propostos por Christopher Vogler em seu influente livro "A Jornada do Escritor".
Baseado no livro “O Herói de Mil
Faces”, escrito por Joseph Campbell lá em 1949, de onde surgiu a tão famigerada
estrutura narrativa da “Jornada do Herói”, a qual já comentamos aqui no blog duas
vezes, juntamente dos arquétipos propostos por Carl Gustav Jung, considerado
como o criador da psicologia analítica, o qual incorporou a ideia de modelo de
ideais guardados no inconsciente coletivo, Vogler sugeriu em seu livro os
arquétipos mais utilizados no cinema e na literatura. Ficou interessado? Então
se ajeita aí, e me acompanhe.
Para ver nossa postagem sobre
A Jornada do Herói, caso não esteja por dentro do assunto, ou queira revisar, é
só clicar nos links abaixo!
Parte 1: Clique
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Parte 2: Clique
aqui
O Herói
O herói é o protagonista da
história, enfrentando desafios e superando obstáculos para alcançar seus
objetivos. Ao longo dessa jornada, ele experimenta um crescimento interno,
saindo de sua zona de conforto para enfrentar o desconhecido. O herói reflete
as lutas e conquistas da jornada humana, tornando-se uma figura com a qual os
leitores podem se identificar.
Algumas possíveis variações:
Anti-Herói: Um
herói com características não convencionais, como complexidade moral e atitudes
ambíguas.
Herói Relutante: Alguém arrastado para a aventura contra sua vontade.
O
Mentor
O mentor é um guia sábio e
experiente que auxilia o herói em sua jornada. Ele oferece conselhos,
treinamento e sabedoria, muitas vezes ajudando o herói nos momentos cruciais.
Embora o mentor possa ter uma figura paterna ou materna, também pode assumir
formas surpreendentes, como um livro, uma memória ou até mesmo uma criatura
mágica. O mentor auxilia no crescimento e no enfrentamento dos medos do herói.
Algumas possíveis variações:
Mentor Espiritual: Um
guia que oferece sabedoria espiritual.
Mentor Relutante: Um
mentor inicialmente relutante, que acaba abraçando seu papel.
Aliás, nosso caro
Vong já destrinchou o arquétipo do Mentor em outra postagem, você pode conferir
ela clicando
aqui!
O
Guardião do Limiar
O guardião do limiar protege
a passagem para o mundo desconhecido que o herói deve cruzar. Representando um
desafio físico, emocional ou psicológico, esse arquétipo simboliza a fronteira
entre o mundo cotidiano e a aventura que aguarda. Ao superar esse desafio, o
herói prova sua determinação e ganha acesso ao mundo extraordinário que se
desenrola à sua frente.
Algumas possíveis variações:
Guardião Físico: Um
obstáculo físico que o herói deve superar.
Guardião Psicológico: Um
desafio que testa a força mental do herói.
O
Arauto
O arauto é o mensageiro que
convoca o herói à aventura. Pode ser uma notícia inesperada, um evento
transformador ou até mesmo uma intuição sutil. O arauto rompe a rotina do
herói, empurrando-o em direção à jornada que o aguarda. Esse arquétipo
desencadeia a mudança e dá início ao ciclo transformador da narrativa.
Algumas possíveis variações:
Arauto Misterioso: Um
mensageiro cujas intenções não estão claras.
Arauto Interno: Um desejo interno que empurra o herói para a aventura.
Os
Aliados
Os aliados são os companheiros
próximos do herói, oferecendo apoio emocional e auxílio prático ao longo da
jornada. Eles contribuem com suas próprias habilidades, complementando as do
herói. Os aliados também podem trazer alívio cômico, contrastar com o herói ou
desempenhar papéis fundamentais em momentos cruciais da trama. O relacionamento
entre o herói e seus aliados confere profundidade e dimensão à história.
Algumas possíveis variações:
Aliado Traiçoeiro: Um
aliado que pode trair o herói.
Aliado de Fora: Um aliado que entra na jornada mais tarde, trazendo novas perspectivas.
O
Camaleão
O camaleão é um personagem
que muda de forma ou personalidade, frequentemente atuando como agente duplo ou
trazendo complexidade à trama. Sua lealdade pode ser ambígua, e sua habilidade
de se adaptar dificulta a confiança do herói. O camaleão injeta intrigas e
incertezas na narrativa, mantendo os leitores engajados.
Algumas possíveis variações:
Camaleão Duplo: Um
personagem que finge ser de um lado, mas está secretamente trabalhando para o
outro.
Camaleão Interno: Um aspecto oculto ou mudança na personalidade de um personagem existente.
A sombra é a força
antagonista que se opõe ao herói. Representando os desafios e obstáculos a
serem superados, a sombra pode assumir várias formas, desde vilões óbvios até
os medos internos e as fraquezas do herói. O confronto com a sombra impulsiona
o crescimento do herói e o desenvolvimento da trama.
Algumas possíveis variações:
Sombra Interna: Um
aspecto sombrio ou conflito interno do herói.
Sombra Transformadora: Um
vilão que, ao longo da história, se torna aliado ou desenvolve uma relação mais
complexa com o herói.
O
Pícaro
O pícaro é um personagem
astuto, frequentemente trazendo humor e irreverência para a história.
Desafiando convenções, ele pode ser um catalisador para eventos imprevistos. O
pícaro acrescenta imprevisibilidade e leveza cômica à narrativa, aliviando a
tensão das situações enfrentadas pelo herói.
Algumas possíveis variações:
Pícaro Cauteloso: Um
personagem astuto e perspicaz, frequentemente envolvido em planos elaborados.
Pícaro Charmoso: Um
personagem que usa seu charme para escapar de situações difíceis.
Eu
Superior
O eu superior é a versão mais
elevada do herói, representando seus valores e aspirações mais nobres. Esse
arquétipo inspira o herói a superar suas limitações, lembrando-o de sua
verdadeira essência. O eu superior guia o herói em momentos de incerteza e
desespero, relembrando-lhe o propósito maior por trás de sua jornada.
Algumas possíveis variações:
Eu Superior Interno: Um
aspecto interno do herói que o motiva a superar desafios.
Eu Superior Inspirador: Um personagem que personifica os ideais do herói e o inspira a seguir um caminho nobre.
Cada arquétipo representa uma
função dramática que um personagem da história irá cumprir, mas isso não
significa que ele deva ficar limitado a apenas uma função, já que nas palavras
do próprio Vogler:
Quando comecei a lidar com
essas ideias, pensava num arquétipo como um papel fixo, que um personagem
desempenharia com exclusividade no decorrer de uma história. Quando
identificava que um personagem era um mentor, esperava que ele fosse até o fim
sendo mentor, e apenas mentor.
Entretanto, quando fui
trabalhar com os motivos de contos de fadas, como consultor de histórias para a
Disney, descobri outra maneira de encarar os arquétipos — não como papéis
rígidos para os personagens, mas como funções que eles desempenham
temporariamente para obter certos efeitos numa história.
Ou seja, personagens
complexos, com diversas camadas de desenvolvimentos, geram maior profundidade e
caminhos pelos quais a história pode percorrer, já que um mesmo personagem pode
desempenhar diferentes papéis ao longo da progressão da narrativa.
Dito isso, ficarei por aqui hoje, espero de coração ter ajudado vocês a desenvolverem seus personagens, gostaríamos de saber suas opiniões aqui nos comentários, então deixem seu feedback, seu joinha, e usem tudo que aprenderam para criar uma novel incrível que seja impossível de ser reprovada! Se cuidem, e até a próxima!
Mesmo não conhecendo os arquétipos propriamente ditos, os usava como base para criar personagens dentro de minha novel. Muito bom saber que realmente existe um nome para tal!
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