Yahoo! E aí, pessoal, Sagami Riku aqui~
E como é de praxe, hoje sendo o último dia do mês, o My Light Novel traz a vocês mais um MLN Recomenda! Para quem não sabe, o MLN Recomenda é uma coluna mensal do blog em que recomendamos uma obra — filme, livro ou jogo — que sirva de inspiração/exemplo para nossos aspirantes a escritores, você pode conferir os outros posts da série clicando aqui. E no meu primeiro post nesta coluna, eu recomendo um aclamado jogo de 2015: Undertale! Se você vive debaixo de uma rocha e não sabe o que é Undertale, farei um resumo básico do jogo junto com uma análise do mesmo, então confira logo abaixo.
Resumo
Undertale é um RPG eletrônico criado por Toby Fox que foi lançado em 15 de setembro de 2015, mas se você leu as palavras “RPG eletrônico” e pensou que o jogo é algo parecido com Final Fantasy ou Dragon Quest, está muito enganado. Isso porque Undertale foge muito do que é um comumente considerado um jogo de RPG eletrônico e inclusive subverte vários princípios e conceitos geralmente atribuídos a esse gênero. Como isso é feito e o que diabos isso tem a ver com escrita? Bem, você verá isso mais a frente, agora vamos falar sobre a história do jogo, que é o que realmente importa.
Não é à toa que a palavra “tale” (“conto” em inglês) se encontra no título do jogo, pois logo no início o jogador é apresentado a uma pequena introdução com bastante clima de uma dessas lendas ou contos de fada, ela dá uma base para a história que será desenvolvida logo depois, assim como explica o mundo em que ela se passa.
Nessa introdução, é explicado que muito tempo atrás havia duas raças que dominavam a Terra: os monstros e os humanos. Contudo, um dia uma guerra começou entre elas, da qual os humanos saíram vitoriosos, selando os monstros no subterrâneo com um feitiço mágico. Então, muitos anos depois, uma criança cai dentro de uma montanha e acaba parando no mundo subterrâneo em que os monstros foram há muito selados, e é aí que a sua jornada se inicia...
Causa e consequência
A história de Undertale é sobre escolhas e o peso que elas carregam, e o jogo foca bastante nisso. As escolhas que você faz no decorrer da história afetam bastante a conclusão da mesma, e algumas delas são irreversíveis, o que, sim, tira um pouco da liberdade do jogador, mas também acrescenta importância a elas, afinal, do que adiantaria você poder fazer o que quiser se no fim nada disso importa ou sequer muda alguma coisa, já que você poderia simplesmente reiniciar o jogo e começar tudo novamente?
Uma das difíceis escolhas de Undertale |
Undertale trata exatamente disso: causa e consequência, e isso é algo que eu acho que precisa ser mais enfatizado em histórias de ficção, afinal, temos histórias em que os personagens podem fazer absurdos, mas que não afetam em nada na trama, no mundo ou nos personagens em si. Um bom enredo também segue essa regra, é preciso de causas e consequências para se construir uma trama sólida para que os acontecimentos não pareçam aleatórios ou injustificáveis, além de ser um bom meio para dar aos personagens “o final que eles merecem”.
Para dar um exemplo desse aspecto da narrativa de Undertale e como ele afeta até mesmo a gameplay do jogo, na luta contra o primeiro chefão, é dada a você a opção de não o matar, um conceito apresentado bem no começo do jogo, mas esta opção requer um pouco mais de esforço e paciência, deixando a opção de matar o chefão mais fácil e acessível. Esse mesmo caso se aplica a (quase) todos os outros monstros que você enfrenta pelo caminho, sendo chefões ou não, e cada opção tem um preço. Caso você não decida matá-los, é preciso antes descobrir um meio pacífico de resolver o conflito, este podendo ser através de piadas, elogios e até mesmo flertes (é... o personagem principal é criativo), o método de fazer isso é diferente para cada inimigo, e não é difícil descobrir o padrão de comportamento que leva a ele, mas pode tomar tempo e, enquanto isso, você tem que se desviar dos ataques lançados pelo oponente numa espécie de “minigame”.
Por outro lado, caso você decida matá-los, o esforço não é tanto, você ainda tem que se esquivar dos ataques inimigos, mas só precisa apertar uma tecla na hora certa para atacar, além disso, ao matar seus inimigos, você ganha pontos de EXP e sobe de nível (no jogo chamado de “LOVE”), o que aumenta sua barra de vida. Dependendo de que método você seguir, o desenrolar da história muda, adequando-se às suas ações, e você será julgado pelos seus atos no final, sendo eles violentos ou pacíficos.
No total, há três tipos de finais: Neutral (Neutro), True Pacifist (Verdadeiro Pacifista) e Genocide (Genocida); os finais neutros são os que você pega por tanto matar quanto poupar seus inimigos, alguns são bons, outros nem tanto; o final True Pacifist é o “verdadeiro” final do jogo e só é alcançado caso você tenha finalizado o jogo uma vez em uma rota neutra e tenha poupado todos os seus inimigos; já o final Genocida só é alcançado caso você mate todos os monstros do jogo sem nenhuma exceção
Personagens
Os personagens de Undertale são carismáticos e muitas vezes engraçados, mas existe um fator comum entre a maioria deles que os torna especialmente interessantes: nem todos eles são exatamente como se parecem à primeira vista. Sim, as aparências enganam, e isso pode ser um aspecto positivo na hora de se criar um personagem cativante. Isso é refletido logo no início do jogo, em que, dando um pouco de spoiler, você é apresentado a Flowey, uma simpática flor que lhe ensina as mecânicas do jogo através de um amigável tutorial... exceto que na verdade ela quer te matar para pegar sua alma.
O seu melhor |
Quando os personagens da sua história são exatamente como se parecem e sempre agem da mesma maneira previsível, eles se tornam caricaturas, criaturas unidimensionais sem profundidade alguma que só servem para um único propósito no enredo. Na vida real, ninguém é assim, todos temos nossas qualidades e defeitos, erros do passado, medos, preocupações e coisas que preferimos esconder um dos outros, os personagens de Undertale também são assim, e é isso que os torna realistas e interessantes acima de qualquer carisma ou bom humor.
Claro, existem algumas exceções, como o Papyrus, que se mantém o mesmo por todo o jogo, não importa qual rota, mas ele tem um papel a cumprir com essa “estabilidade”. A história não precisa que você se identifique com ele, porque ele já serve para outros propósitos dentro dela, um deles é o de se identificar com o Sans, um personagem que se mostra importantíssimo depois.
O único jogo em que você pode ir a um encontro com um esqueleto |
Conclusão
Enfim, Undertale, além de ser um jogo fantástico, é um ótimo exemplo de uma história bem contada com personagens cativantes e bem construídos, então definitivamente vale a pena conferi-lo, tanto da perspectiva de um leitor/escritor quanto da perspectiva de um jogador, espero que este post tenha lhe convencido disso! O jogo pode ser encontrado em inglês na Steam através deste link, está em inglês, mas patches com tradução para o português podem ser encontrados na internet. É isso, até nossa próxima recomendação e don’t lose your D E T E R M I N A T I O N!
Terminar de escrever este post me enche de D E T E R M I N A Ç Ã O |
Na minha opinião o melhor RPG do ano passado
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