MLN Recomenda - Eu, Robô (Isaac Asimov)

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        A sociedade não é mais a mesma. Hoje, os robôs estão por toda a parte: no espaço, nas fábricas, nas ruas e dentro de casa. Cérebros positrônicos que emitem ruídos silenciosos vagam por todos os cantos, respondendo perguntas, obedecendo a ordens e... procurando um sentido na vida. 

        Eu, Robô é um livro de contos lançado em 1950 por Isaac Asimov, o Pai da Robótica. Composto por 10 contos que acompanham a evolução dos robôs através do tempo, seguimos os relatos de uma psicóloga roboticista em seu percurso desafiador na tentativa de compreender mais sobre alguns robôs peculiares - mesclando linguagem, filosofia e engenharia para resolver problemas cada vez mais complexos que ecoam sobre a própria humanidade.

        Se quiser saber nossa opinião sobre esse clássico da ficção científica (e não sobre o filme do Will Smith), basta Ler Mais! 





   

UM LIVRO SOBRE ROBÔS - OU MELHOR, UM LIVRO SOBRE HUMANIDADE


    Uma palavra é capaz de mudar tudo. Um tom de voz acima ou abaixo pode desencadear ações completamente opostas do esperado. O contato com a literatura pode fazer um robô se tornar mais próximo de um devoto do que grande parte da humanidade. Apesar do título enfocar o aspecto robótico da coisa, "Eu, Robô" é quase um convite para olhar a humanidade em um espelho cheio de circuitos eletrônicos. Os robôs de Asimov não são apenas máquinas construídas para carregar pedras, mas seres complexos que afugentam e intrigam a própria humanidade por se parecerem tanto com ela

    Cada conto desse livro tem (pelo menos) um robô, um problema e um humano. Algumas histórias parecem verdadeiros mistérios investigativos, forçando os humanos a recriar cenas de desaparecimento e possíveis linhas de pensamento que possam ter emergido nos robôs. Outras histórias, por outro lado, têm um problema emocional afetando diretamente o funcionamento usual dos robôs, sendo os humanos (e não as máquinas) os verdadeiros culpados. 

    Nessa montanha-russa interconectada de contos envolvendo robôs, problemas e humanos, Asimov nos convida a refletir sobre nossa complexidade. O que é "ferir", o que é "humano"? E como um robô poderia "ferir um ser humano?". A linguagem parece tão simples para nós, mas como um ser robótico reagiria a figuras de linguagem, mudanças do tom de voz, comentários filosóficos ou, até, à visualização de algo que não existe no mundo real: a ficção? 

        Mas não paramos por aí. Além da linguagem, Asimov também usa seus robozinhos para nos fazer questionar o que é livre-arbítrio. Para isso, o autor utiliza conflitos envolvendo (e, quase sempre, se resolvendo por meio das) Três Leis da Robótica, tão necessárias para um robô quanto o oxigênio para os humanos:

    1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal.
    2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei.
    3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.

    Nesse malabarismo de uma trama que coloca desafios e soluções inesperadas para humanos e máquinas, o estilo de Asimov não poderia cair melhor. A linguagem de "Eu, Robô" é leve e eficiente, mas sem perder a graça quando o autor posiciona uma palavra específica, em um lugar específico, levando à mudança de todo o contexto. Essas sutilezas tornam o texto paradoxal: ao mesmo tempo em que trata de temas profundos com sutilezas ímpares, a leitura flui levemente e carrega o leitor por páginas e mais páginas a fio.


Você deveria ler porque...


É um clássico da ficção científica, responsável por modelar esse gênero da maneira pela qual o conhecemos hoje. Além disso, a escrita de Asimov é um prato cheio para quem busca um estilo rápido, leve e, ao mesmo tempo, profundo.

Já que você encontrará...


Uma história com personagens bem caracterizados, ambientação clara e conflitos curiosíssimos. Em "Eu, Robô", relações humanas e mistérios robóticos andam de mãos dadas o tempo todo.

E te ajudará em...


Desenvolver uma prosa leve (e não rasa), assim como a planejar conflitos inteligentes que prendam a atenção do leitor.


Por hoje é só! Dúvidas, comentários e questões são muito bem-vindos no campo dos comentários. Vejo vocês na próxima postagem!
    

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2 comentários

  1. A primeira vez que li "Eu, robô" foi também a primeira vez que eu senti, de fato, o prazer na leitura. Cada capítulo é tão gostoso de ler que você não consegue parar. Dentre todos eles, o meu favorito é o "Mentiroso!", Asimov estreita tanto a linha (já bem tênue) entre homens e máquinas nesse capítulo, que eu não conseguia esconder o sorriso (de orelha a orelha) durante toda a leitura do conto.

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  2. "Mentiroso!" é um conto fantástico. A progressão do desenvolvimento da narrativa através dos contos do Asimov é algo admirável também.
    Muito obrigado pelo comentário!

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