E aqui estamos para mais uma revisão de figuras de linguagem! Da última vez, conversamos sobre o uso dessas ferramentas para mudar o significado das palavras – como raios sendo instantâneos ou a vida ser um gacha. E se isso não fez sentido algum, recomendo que leia a postagem anterior.
Hoje, falaremos de ferramentas preocupadas em enfatizar ideias e expressões: as figuras de pensamento. Para conhecê-las, basta Ler Mais!
Revisando os conceitos
Figuras de linguagem são artifícios da língua portuguesa que ampliam as ideias para além do uso restrito e literal das palavras, produzindo significados diferentes do que consta no dicionário. Assim, quando usamos figuras de linguagem, damos mais expressividade à mensagem que desejamos passar.
Em um tipo específico de figura de linguagem, a ênfase recai sobre as ideias e pensamentos. Não se trata de falar apenas do que alguém pensa ou imagina, mas de utilizar a linguagem ao seu dispor para expressar o valor que determinada experiência teve para determinado sujeito. Na tentativa de ambientar essa experiência, surgem as Figuras de Pensamento.
Assim sendo, é hora de esmiuçá-las!
Ironia: É claro que ela seria a primeira
Ah, a ironia. A figura de linguagem mais adorada, idolatrada, salve-salve. Sem ironias por agora, essa figura de linguagem é utilizada quando queremos passar uma mensagem crítica, sarcástica ou maliciosa, dizendo exatamente o contrário do que queremos dizer.
Não acredito no que leio. É o suprassumo da escrita ocidental. Que diegese impecável.
No exemplo acima, o avaliador se depara com uma novel muito ruim e se utiliza da ironia ao comentá-la com seus outros colegas — dizendo o exato oposto do que está pensando.
Antítese: contrapondo o oposto
A antítese é utilizada quando aproximamos palavras e ideias com sentidos opostos, mas relacionados. Porém, vale uma ressalva: isso não quer dizer que a antítese permita a coexistência de sentidos opostos no mesmo lugar. Ela apenas aproxima duas ideias com sentidos distantes.
Essa novel fala sobre o paraíso, mas me faz sentir como se eu estivesse no inferno.
No exemplo acima, o pobre avaliador se depara com uma novel de fantasia que fazem seus olhos lacrimejarem enxofre. Aqui, a antítese é utilizada ao aproximar paraíso-inferno.
Paradoxo: uma ideia contraditória
Na antítese, temos duas ideias que não se anulam. No paradoxo, temos a formação de uma ideia que se opõe em si mesma, uma ideia incoerente. Por isso, essa figura de linguagem é muito utilizada, justamente, quando queremos enfatizar incoerências.
O autor da novel elogiou nossa seriedade. Ele acabou de reclamar que foi reprovado por usar aspas.
Nesse caso, o paradoxo se instaura porque o autor valoriza a seriedade do nosso site, mas reclama da rigidez quando é reprovado por não seguir nossos termos.
Hipérbole: um exagero fundamentado
Uma das figuras de pensamento mais dramáticas que existem, a hipérbole produz um exagero intencional do que está sendo dito, reforçando determinada ideia e aumentando a intensidade do discurso.
Nós já reprovamos esse ferona um milhão de vezes! Ele voltou de novo?
No exemplo acima, um dos avaliadores utiliza a hipérbole para reforçar a ideia de que o ferona fora reprovado muitas vezes (e estava para ser reprovado mais uma vez).
Eufemismo: amenizando o desastre
Se a hipérbole quer aumentar a intensidade do discurso, o eufemismo tenta diminui-la o máximo possível. Essa é a figura de pensamento que produz sutileza e mascara informações por trás de palavras mais suaves.
Parece que temos um reincidente em nossa caixa de entrada.
No exemplo acima, um dos avaliadores utiliza o eufemismo para dizer, com mais sutileza, o que a hipérbole dissera anteriormente.
Gradação: um passo de cada vez
A gradação aparece quando o locutor coloca uma sequência de palavras ou expressões em ordem crescente ou decrescente. Quando a gradação é crescente, ela é chamada de clímax, apontando para um aumento de intensidade; quando a gradação é decrescente, ela recebe o nome de anticlímax, uma vez que parte de um ponto de maior intensidade e termina em um ponto de menor impacto.
Passaram-se segundos, minutos, horas, dias. E ela nunca mais voltou.
No exemplo acima, o autor se utiliza da gradação em clímax para enfatizar o peso da passagem de tempo, colocando as medidas de tempo em ordem crescente.
Seu coração bateu o mais forte que pôde. Sobre seu peito encharcado de sangue, senti a batida mais forte se amenizar: um trovão, um grito, um suspiro... E um silêncio.
Aqui, o autor se utiliza do anticlímax para descrever os últimos momentos de um personagem. O marcador de gradação, neste caso, é a intensidade das batidas do coração do indivíduo prestes a morrer — inclusive abarcando o uso de metáforas, como "trovão/grito/suspiro" para mostrar a diminuição da intensidade dos sons (das batidas do coração).
Personificação: coisas também têm sentimentos
Personificação é o nome popular da prosopopeia. Como o próprio nome sugere, essa figura de linguagem é utilizada quando concedemos características humanas a coisas não-humanas. Por exemplo, fábulas são tipos textuais que abusam desse recurso, concedendo sentimentos, pensamentos e qualidades humanas aos mais variados animais.
O universo está tirando uma com a minha cara.
Na frase acima, o locutor atribui ao universo a capacidade de fazê-lo de bobo — o que, convenhamos, é uma das características mais humanas possíveis.
E essa foi a revisão de Figuras de Linguagem desse mês! Qual figura de pensamento você mais gostou? Alguma que não conhecia? Quer acrescentar mais exemplos? Utilize nosso campo de comentários!
Espero vocês na próxima postagem!
Eu não fazia ideia sobre gradação, Vong! Muito bom post, como sempre. Eu sinto meu cérebro ficando cada vez maior com cada postagem nova.
ResponderExcluirMano esse conteúdo foi muito bom gostei bastante, estou começando a escrever agora e será de grande ajuda muito obrigado.
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