Hoje vamos revisar uma das bases da estrutura narrativa, se você está escrevendo uma história, sabe que precisa de um começo, meio e fim, correto? E essa é a Estrutura dos Três Atos.
Acha que já domina ela e não tem mais o que aprender? Tem certeza?
Sabendo a base, você pode começar a explorar mais com outras estruturas ou até variantes dessa estrutura, como a de Cinco Atos. Mas, por hoje, vamos falar um pouco do básico. Pois, se quisermos correr nessa estrada que é a vida de escritor, precisamos aprender desde a andada básica antes de nos jogarmos de cabeça.
A Estrtura dos Três Atos é divida em Preparação, Confronto e Resolução. O primeiro e último devem ter um tamanho parecido, e o do meio, o confronto, deve ser o maior dos três. O ideal seria uma divisão de 25% para a preparação e a resolução e 50% da história ser o confronto.
É essencial ter em mente que cada um desses atos também deve ser pensado como uma estrutura própria, ou seja, cada um deles precisa de seu próprio começo, meio e fim.
Vamos falar deles com mais detalhes agora.
PRIMEIRO ATO: A PREPARAÇÃO
Aqui temos o começo. O "estado padrão", como as coisas eram, é apresentado para, então, um evento inesperado acontecer e o protagonista reagir a ele. O protagonista pode ter uma etapa de rejeitar e aceitar seu destino, dependendo da sua trama e personagem, como bem vimos na Jornada do Herói (Parte I & Parte II).
Se você acompanha nossas postagens há tempos, já deve saber o que responder aqui. Se você caiu de paraquedas nessa postagem, vamos a listinha para definir qual é o "estado padrão" da sua história:
- Quem é o protagonista?
- Onde ele está? Como é o mundo? Como é o worldbuilding?
- Quem cerca o protagonista? Que tipos de personagens estão ao redor dele? Amigos? Familiares? Rivais?
- O que ele faz? Por que ele faz isso?
- O que ele sente? Ele é feliz com sua vida? Se sente realizado? Se sente incomodado com algo?
Eu sei que muitos de vocês, autores feronas, querem por que querem explicar os mínimos detalhes de tudo isso para criar uma base sólida (em exagero), mas vamos tomar cuidado com a exposição. Foque no necessário. Não queremos saber os mínimos detalhes ou como o planeta em que os personagens estão foi formado. Precisamos apenas do essencial para termos uma base e sabermos responder brevemente as perguntas feitas acima.
Já falamos diversas vezes, mas o início é crucial. Se acharmos ele chato, dificilmente vamos continuar lendo sua obra.
Apresentado o estado padrão do protagonista, nós chegamos ao primeiro ponto crítico: o gatilho que mudará sua vida normal.
Você pode ir por vários caminhos, como um protagonista que está satisfeito com sua situação atual, mas um evento fatídico muda toda a sua realidade; ou o contrário, o protagonista está insatisfeito e vai atrás de uma mudança em sua vida.
Tendo seu protagonista decidido a fazer algo a respeito, a sair de sua vida normal, vamos para o próximo ato.
SEGUNDO ATO: CONFRONTO
Eu disse que seria o ato mais longo da sua trama, mas explicá-lo não será tão demorado. É aqui que começa o seu conflito, seja uma série deles, seja um único conflito grande que marcará sua obra. Falamos bastante sobre formas de incrementar seus conflitos em outras postagens já, recomendo dar uma conferida clicando aqui.
Podemos dividir essa parte em pequenos conflitos menores, que ajudam a posicionar tanto o leitor quanto o protagonista na situação, para então termos a chegada de um conflito maior, que irá abalar o protagonista e fazê-lo se questionar se ele realmente é apto para o que está enfrentando.
Após esse primeiro abalo, o protagonista irá amadurecer e mudar de alguma forma, irá descobrir, apanhar, amadurecer e... apanhar mais. Isso tudo para levar a um ponto sem retorno, no qual ele irá por a prova tudo o que aprendeu até então. Essa escolha precisa de uma consequência a altura de todo o aprendizado até o momento e será ela que encerrará o segundo ato.
TERCEIRO ATO: RESOLUÇÃO
Os conflitos continuam aumentando aqui até chegarem ao clímax. É a hora do tudo ou nada, dos riscos aumentarem e de provar que a jornada não foi em vão.
Não é hora de ficar apresentando poderes ou personagens novos, e sim o momento de resolver tudo dos atos anteriores. Tendo consciência disso, é hora de chegarmos no clímax da história.
O Clímax é o ponto máximo da tensão na narrativa, é a última barreira entre o objetivo a ser atingido. É aqui que tudo pode mudar, o maior plot twist pode vir, o protagonista pode precisar fazer o maior dos sacrifícios ou ter seu maior embate.
E passado o clímax, temos o desfecho, que é quando seu protagonista alcança o objetivo, tendo um final positivo (em que alcança o que queria) ou negativo (não alcança o que queria), ou até passa por uma mudança de pensamento e ressignifica aquilo que procurava. Seu protagonista irá sair dessa parte indo para um novo "estado padrão", uma nova realidade para ele após todos os eventos da narrativa. Poderá não ser sua última aventura, mas será o final da aventura apresentada naquele momento.
É a hora em que você, autor, cumpre a promessa que fez ao leitor para aquele arco ou volume. Você pode deixar dúvidas e coisas a serem solucionadas no próximo, mas a dúvida principal deve ser resolvida neste. Se aquele arco for sobre os personagens procurarem algum objeto, você deve resolver essa pendência antes de ir para o próximo. Se for sobre derrotar um inimigo específico, o embate com ele deve acontecer antes do fim.
Não termine o arco sem solucionar a parte principal. Não traia seu leitor dessa forma.
E esse é nosso revisando! deste mês, espero que tenham aproveitado. Tentem dividir a própria trama de vocês nessa estrutura e ver se encaixam bem ou se há algo faltando, um bom planejamento e estrutura já são meio caminho andado para se escrever uma boa história!
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