Olá, ferinha, olá ferona! Aqui começando as postagens deste mês de outubro. Se você acompanha o blog constantemente, já deve saber do que a postagem se trata, se você caiu de paraquedas aqui, confira a primeira postagem sobre modos narrativos para entender do que estarei falando hoje.
Nós vimos que existem cinco modos narrativos: Ação, Descrição, Pensamento, Resumo e Diálogo.
Agora vamos descobrir como identificar eles e como tentar balanceá-los na sua narrativa!
Igual a um esqueleto, todos os modos precisam um dos outros para funcionar corretamente.
Já falamos anteriormente sobre como montar boas cenas. Para entender se uma cena está completa ou não, você precisa fazer um checklist básico: Quem? Quando? Onde? O quê? E por quê? As perguntas não precisam ser respondidas nessa ordem, claro. Mas você precisa que seu leitor saiba responder cada uma dessas perguntas após ler sua cena.
Vamos olhar alguns exemplos de como os modos narrativos são usados na construção de algumas cenas, a primeira aqui é de George R. R. Martin, um trecho de A tormenta de espadas, volume 3 das Crônicas de Gelo e Fogo.
Já para deixar claro, vamos colocar uma legenda e colorir os elementos:
- Ação
- Descrição
- Pensamento
- Resumo
- Diálogo
"Um vento vindo do leste soprou através de seus cabelos emaranhados, tão suave e perfumado quanto os dedos de Cersei. Ouvia aves cantando e sentia o rio deslocando-se debaixo do barco, à medida que os movimentos dos remos os aproximavam da pálida alvorada cor-de-rosa. Depois de passar tanto tempo na escuridão, o mundo era tão encantador que Jaime Lannister se sentia tonto. Estou vivo, e bêbado de sol. Uma gargalhada atravessou seus lábios, súbita como uma codorna espantada do esconderijo.
– Silêncio – resmungou a moça, carregando o cenho. Carrancas adequavam-se mais ao seu rosto grosseiro do que um sorriso. Não que Jaime a tivesse visto sorrir alguma vez. Divertia-se imaginando-a com um dos vestidos de seda de Cersei em vez do justilho de couro com tachas que envergava. Tanto faz vestir de seda uma vaca ou essa aí."
Ficou bem colorido, não é mesmo? Todos os elementos estão equilibrados aqui.
Agora, vamos ver um exemplo em uma light novel! Vou colocar aqui um trecho do primeiro volume de Classroom of the Elite, tradução pessoal:
"– Ayanokouji-kun... certo?
No caminho para o refeitório, fui repentinamente parado por uma garota bonita. Ela se chama Kushida, é uma das minhas colegas de classe.
Meu coração batia tal qual uma britadeira, já que era a primeira vez que olhava ela de perto.
Dona de cabelos castanhos curtos e retos que iam até sobre os ombros. Não querendo parecer enxerido, mas como a escola aprovou o uso de saias mais curtas, tive a impressão de que seu uniforme era um modelo mais novo.
Ela tinha algo em mãos. Eu não sabia dizer se era um porta-chaves ou coisa parecida.
– Eu me chamo Kushida, somos da mesma turma. Se lembra de mim? - perguntou ela.
– Sim, precisa de alguma coisa de mim?"
Agora, você deve estar pensando "Tá, eu entendi que uso todos os modos narrativos, querendo ou não, quando escrevo, mas como vou equilibrar eles bem?"
A resposta é com ritmo. Encontre o ritmo da sua cena. Essa cena pede mais ação? Essa cena pede mais diálogos? Pede mais descrição para entendermos o que está acontecendo? Lembre-se das perguntas que mandamos mais cedo.
Já demos dicas para criar uma boa cena, que tal dar uma conferida clicando aqui?
Não existe uma fórmula mágica ou receita de bolo, você precisa ir experimentando para encontrar o bom equilíbrio, formar o seu próprio estilo, e produzir boas cenas.
Por fim, vamos voltar em um exemplo da primeira postagem sobre esse tema, vamos expandir um pouco a cena e deixarei que vocês tentem marcar os modos:
"Os anos passaram naquele outro mundo, mas ainda não conseguia superar a saudade que sentia por todos que deixou no interior. Disseram que a vida em um isekai seria fácil, mas a saudade não era. Cresceu, ficou mais forte, derrotou muitos monstros e se tornou uma lenda, ainda assim, ainda queria poder voltar para o tempo em que sua única preocupação era acordar cedo, ir para a escola, chegar em casa, ligar o playstation e tentar zerar aquele jogo impossível.
As memórias voltavam, lembrava-se de cor dos combos para vencer seus colegas nos jogos de luta. Sentia falta daquilo. Da antiga normalidade. Sabia que era uma nostalgia boba, mas aquele sentimento sempre esteve em seu peito.
– Por quanto tempo pretende ficar parado aí? – Seus pensamentos foram interrompidos pela voz ríspida de sua companheira de quarto, a elfa não entendia seus momentos pensando no mundo anterior. Para ela, só o presente importa, pensou.
Sem dizer nada, ele levantou e pegou sua espada, havia um dever a cumprir, não poderia ficar para sempre naquela pousada."
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E ficamos por aqui por hoje! Lembrando que comentários são sempre bem-vindos! Eu adoraria saber o que vocês acharam da postagem de hoje e desse tema!
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